segunda-feira, 29 de novembro de 2010

Doce lembrança

     Não me preocupava com nada, era tão só, mas ao mesmo tempo tão cheia de amigos, era feliz independente da situação e minha tristeza era passageira, não durava ao menos algumas horas, ou sequer minutos. Apenas duas coisas me preocupavam: meus brinquedos e ficar perto dos meus pais. Recebia a atenção deles e independente do que fizesse de errado eles aceitavam, aliás qualquer pessoa aceitaria tudo que eu fizesse, poderiam até mesmo me admirar. Sem preocupações em relação aos estudos, sem ter que estudar toda hora ou escrever a ponto de cansar o braço, apenas a preocupação de fazer um desenho bonito que agradasse a professora. Todos me protegiam e me defendiam mesmo sabendo que estava fazendo algo errado. Os amigos não eram tão falsos, aliás nem tinha diferença entre amigo falso e verdadeiro, porque não era tão tola a ponto de confiar tanto em uma pessoa. Meus pais sempre faziam de tudo pra me agradar quando parecia triste, ou até mesmo chorando, já que era sempre  por causa de algum machucado ou algum desejo não realizado.
     Ainda não tinha descoberto o sofrimento de verdade, ou o amor tantas vezes necessário nessa vida, eu era apenas uma pessoa pequena, com uma enorme felicidade. Era tão legal ver meus amigos, brincar com bonecos e até mesmo de boneca sem que fosse julgada. A cada dia em que se comemorava presenteando as pessoas, pedia os brinquedos mais legais aos meus pais, as bonecas mais fofas ou os carrinhos mais modernos para colecioná-los.
    Ter milhares de ursos e cada um com um nome diferente, conversar com o urso considerando ele uma pessoa real, fazendo assim com que eu nunca me sentisse sozinha e sem que alguém acabe tirando sarro. Brincar de casinha, de professora, de veterinária, de lojinha, de médica e várias outras coisas em que a imaginação não teria limite. Assistir aos desenhos animados e sempre escolher algum personagem para eu e cada amiga fingir que fazia parte desse desenho.
    Sentir medo do escuro, ouvir histórias pra dormir, se impressionar com desenhos tão bobos, rir com coisas mínimas, mas sempre rir, sempre sorrir. Não me importar com que os outros achavam. Ser feliz, por saber só o lado bom da vida, não ter rotina onde a cada dia eu encontrava algo novo e diferente, a cada sorriso meu eu era admirada e a cada dente de leite arrancado eu era elogiada. Mas infelizmente nada é pra sempre como aprendemos nos contos de fadas.

Só uma doce lembrança, de quando eu era apenas uma inocente e pequena criança.

Ana Carolina Sardo

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