sábado, 26 de fevereiro de 2011

Caixa surpresa



     Meus sentimentos são tão complicados, sempre tento contê-los, organizá-los, mas no fim se torna tão difícil a ponto de eu não saber mais o que fazer. Queria que eu pudesse controlá-los, acho que seria mais feliz, me sentiria bem melhor. É como se eu tivesse uma caixa, muito pequena, uma caixa surpresa, onde estivesse todos meus sentimentos ali dentro, todos apertados, sem exceções. E a cada pessoa que eu conhecesse plantasse um novo sentimento ali dentro, que eu não saberia qual, ou até mesmo, alimentá-se um já existente. Mas isso não quer dizer que meus próprios sentimentos não possam criar outros novos, ou alimentá-los também, aliás justo por essa caixa ser pequena, meus sentimentos com o passar do tempo estariam todos bagunçados, alguns atrapalhando os outros, alguns mudando os outros, alguns criando outros e até mesmo matando outros.
     Infelizmente, essa caixa está fechada e eu não tenho a chave de seu cadeado. O que me incomoda em tudo isso é: Assim como eu me considero essa pequena caixa surpresa, como eu consigo colocar todos meus sentimentos nela mesmo fechada e não consigo retirá-los? É algo inexplicável e ao mesmo tempo agonizante, e eu creio que não sou  a unica pessoa que queira saber.
     O amor e o ódio por mais que sejam as palavras mais pequenas, em sentimentos, são as que mais me ocupam espaço e as que mais me trazem problemas, pelo simples fato de que essas duas palavras, podem criar várias outras, que por algum acaso, não são pequenas nem na escrita, como a solidão, a tristeza, o arrependimento e o sofrimento. Isso faz com que se juntem todos pelo pouco espaço, e eu não saiba o que fazer.
     Realmente, a cada dia que passa essa caixa se torna ainda mais pequena pra tantas coisas, elas ao menos poderiam aumentar, mas no fim, parecem que só diminuem e isso faz com que eu não saiba qual sentimento é verdadeiro, porque são tantos e de uma forma ou de outra, todos ligados uns aos outros. Talvez seja por isso que não consigo retirá-los. O que me resta, é pegar essa pequena caixa, e cuidar dela, tentar de todas as formas, organizar ela, e independente do que aja dentro, ser feliz. Porque o que tem dentro dela, só eu sei, e por mais que eu conte a alguém, ninguém vai entender, ninguém vai ter essa mesma caixa, esses mesmos sentimentos. E por mais que o ódio e o amor estejam ocupando tanto espaço assim, eu sei que existem outros sentimentos, que eu posso simplesmente colocar sobre eles, como a felicidade e a amizade e eu sei que um dia o amor será o melhor sentimento ali dentro e andará junto com todos os outros bons. Assim como tem pessoas que conseguem alimentar alguns sentimentos que não são bons, eu posso sim alimentar os que me deixam bem, os que me fazem melhor.
     Por mais que eu queira abrir essa caixa, que graça teria? Que graça teria eu controlá-los? O bom disso tudo, é saber que eu sou o que sou mesmo com essa caixa minúscula e que a cada vez que alguém plantar algo nela, se for algo bom, fará de mim mais feliz e se for algo ruim, fará de mim ainda mais forte.

Ana Carolina  Sardo