terça-feira, 13 de setembro de 2011

Entre linhas


Seu coração já não é o mesmo, há mudanças que pessoas em sua volta percebem inclusive você. Ele já não bate na mesma velocidade, enquanto isso o tempo passa, os ponteiros vão... vão... e nunca voltam, apenas repetem o percurso. Você acompanha... e nunca volta, apenas repete alguns atos, as vezes errados, as vezes corretos... O tempo já não é o mesmo: o ar se tornou mais impuro, as culturas não são mais as mesmas, sua pele está diferente, seus dons mudaram e seus gostos também. Suas reações diante de certas notícias também estão diferentes. Você é mais forte, mas ao mesmo tempo o mais fraco, o que mais tem experiência, mas ao mesmo tempo o que aparenta ser menos experiente, você está ficando em outras palavras, mais velho, mais distante do que um dia passou e mais longe de um momento que queria que se repetisse. Qual seria o preço de envelhecer? Sofrer em silêncio, se mostrar mais forte mesmo as pessoas querendo ajudar achando que já não aguenta, ou até mesmo o contrário. Ver pessoas partirem, querendo sua vida em troca da delas, se tornando cada dia mais próximo de ser chamado de idoso. Como seria entender, que os tempos se passaram, que oportunidades perdidas não voltarão? Como seria ter pessoas em sua volta, achando que estão ajudando mas que no fundo o que você pode estar a pensar é "porque não percebes que prefiro ficar sozinho?" Como seria sentir falta de tudo e lembrar de quase nada? Sabe, a vida nunca vai ser justa, pois o preço que você deve ao viver e consequentemente envelhecer, é sofrer. Mas junto a ele, aprender, entender, compreender e SER. E o que antes era escrito entre linhas pela sua sabedoria, agora resta ser entendido pelos seus novos integrantes da família, ou ser lido por você, com a ajudinha de alguém e de seus novos óculos.
Texto pensado em meus avós, que estão passando por um momento difícil.

Ana Carolina Sardo