quarta-feira, 10 de novembro de 2010

Eu avisei

    _Sabe aquele menino ali? Ele é muito estranho, nunca que eu vou falar com ele.
    _ Porque você acha isso? Que exagero, ele é igual a todos nós.
    _Ele sempre viaja, fica falando de coisas que são impossíveis, nunca pensa na realidade e nem fala com ninguém.
    _Será que ele não fala com ninguém, porque ele não quer? Ou porque as pessoas não dão chance pra ele conversar?
    _Ah! Sei lá, só sei que é um estranho. Não devia estar estudando na nossa sala.
    _Você devia parar com isso, ele é uma pessoa normal, você também, temos que aceitar as diferenças, por mais grandes que elas sejam.
    _Não venha me dar lição de moral, vou para casa, tchau! E não vá falar com ele, não se misture a esse tipo de gente.

Alguns minutos depois...

    _Hum, com licença, meu nome é John, eu queria saber se você pode me ajudar a pintar meu desenho que eu fiz sobre um labirinto ainda não descoberto no céu.
    _Hã? Que viajem, mas tudo bem, eu te ajudo.
    _Ah valeu! Sabe, eu até admiro você me ajudar, ultimamente me sinto muito sozinho, as pessoas não gostam de mim como sou, elas querem alguém perfeito, alguém popular e que pense só nesse mundo sem graça e nada mais que isso.
    _Hum, que pena...
    _Você não se sente assim?
    _Porque eu iria? Sou o mais popular da sala, eu e meu amigo temos todas as amizades que queremos, nunca vou me sentir sozinho.
    _Será mesmo? Que nunca se sentiu sozinho mesmo rodeado de tantas pessoas?
    _Pare com essa bobeira John, eu estou te ajudando, só isso, não quero conversar.
    _Mas sabe, desculpa me intrometer, só que vale mais não ter nenhum amigo ou poucos sinceros, do que ser rodeado assim como você, por tanta gente falsa. Você sabe que em todas as vezes que precisou de ajuda, nem seu melhor amigo te ajudou.
    _Pare já com isso! Olha, você termina de pintar, tenho que ir pra casa. Não fale assim dos meus amigos.
    _Ah! Não quer que eu vá com você? Eu vim de  bicicleta também!
    _Não quero, fique aí, tchau.

   No outro dia...

    _Ei, me desculpe pelas coisas que eu te falei ontem dos seus amigos, aliás você pinta muito bem e graças a você meu labirinto ficou muito bonito!
    _ Ah não da nada, deixa pra lá. (mostra o braço)
    _Meu deus, o que foi isso? O que aconteceu?
    _Não foi nada, é que enquanto eu ia pra casa, eu cai de minha bicicleta e machuquei feio o braço, peguei meu celular enquanto morria de dor, mas nenhum amigo meu podia me socorrer, se não fossem os moradores da rua em que eu estava não sei nem como estaria agora. Aliás, qual o número do seu celular mesmo?


Ana Carolina Sardo

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